Manifestantes e policiais entraram em confronto nas ruas do bairro londrino de Hackney na
tarde desta segunda-feira. Os choques ocorrem após vários episódios de violência na cidade
durante as noites de sábado e domingo, nos quais mais de 200 pessoas foram detidas.
"Acabo de ver as imagens dos incidentes que acontecem em Hackney. O que vemos é que a
polícia está enviando um grande efetivo ao local", disse o porta-voz da Polícia Metropolitana
de Londres (conhecida como Scotland Yard), Steve Kavanagh. A região de Hackney abriga
várias famílias de baixa renda da capital britânica.
Também na tarde desta segunda-feira, um ônibus foi incendiado em outra região de Londres,
Peckham, no sudeste da cidade. A tropa de choque está nas ruas do bairro e não há relatos de
feridos.
Em Lewisham, também no sudeste, imagens mostram veículos incendiados e as ruas isoladas
após incidentes violentos. As revoltas que explodiram na noite de sábado no bairro de
Tottenham se espalharam para outras regiões de Londres na noite de domingo, que foi
marcada por saques e violência em ruas da cidade.
Pessoas foram presas, policiais sofreram ataques, e lojas foram saqueadas e destruídas em
vários pontos do norte de Londres, além de Brixton, no sul, e de Oxford Circus, no centro
turístico da capital britânica. A Scotland Yard disse que os incidentes são imitações de
atividades criminosas, que começaram após um protesto pela morte de Mark Duggan, de 29
anos.
Morte
Duggan foi morto por policiais na quinta-feira, em Tottenham, depois de ser abordado em um
táxi por uma unidade que investiga crimes com armas de fogo no bairro. Os policiais não
divulgaram detalhes do suposto tiroteio, em que um policial também teria sido ferido à bala,
mas prometeram uma investigação.
No sábado, manifestantes se reuniram para exigir respostas da polícia a respeito da ação. Por
volta das 20h (16h no horário de Brasília), um tumulto começou e a polícia foi acionada.
Alguns manifestantes jogaram bombas caseiras contra a polícia e alguns prédios. Um ônibus
de dois andares foi incendiado. Um supermercado, uma loja de carpetes e outros prédios
também pegaram fogo.
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Em seguida, a violência começou a se espalhar para bairros vizinhos e depois para outras
áreas da cidade. Veículos da polícia foram atacados e grupos de dezenas de jovens saquearam
e incendiaram lojas.
"Eles destruíram a (casa de apostas) William Hill, colocaram fogo em latas de lixo (...) Eu vi
uma (loja de celulares) Vodafone saqueada, uma (loja de calçados) Footlocker saqueada e
incendiada, eu vi um (supermercado) Marks & Spencer atacado", relatou o jornalista da BBC
Paraic O'Brien, que estava em Brixton.
Jornalistas também disseram ter visto jovens lançando pedras e garrafas contra a polícia e
até usando extintores de incêndio para impedir a aproximação dos policiais, enquanto eles
saqueavam lojas. O repórter Andy Moore, da BBC, testemunhou as duas noites de violência e
disse que elas tinham motivações bem diferentes.
"O que pode ter sido iniciado em Tottenham por jovens ressentidos com o que eles viam
como perseguição policial se tornou algo de natureza bem diferente. Na noite passada, havia
uma impressão de que os saques, a violência e a desordem em Londres estavam sendo
coordenados nos sites de mídia social", disse ele.
"Níveis absurdos de violência"
"Os policiais estão chocados com os absurdos níveis de violência dirigidos a eles. Pelo menos
nove policiais foram feridos esta noite, além dos 26 da noite de sábado. Nós não vamos tolerar
essa violência deplorável. A investigação continua para levar esses criminosos à Justiça",
disse a comandante da polícia Christine Jones.
Partes de Tottenham, onde os tumultos começaram, ainda estão isoladas para que policiais e
especialistas forenses examinem o local dos confrontos. Até o momento, 16 pessoas já foram
indiciadas por crimes como roubo, violência e posse de arma.
O vídeo de um jovem que foi atacado e depois assaltado em Londres deu a volta ao mundo na
internet e se transformou em uma das imagens mais dramáticas dos distúrbios no Reino
Unido. As imagens do ocorrido na noite de segunda-feira no bairro de Barking, segundo aBBC,
foram postadas no YouTube por um cinegrafista amador e assistidas por centenas de
milhares de pessoas.
internet e se transformou em uma das imagens mais dramáticas dos distúrbios no Reino
Unido. As imagens do ocorrido na noite de segunda-feira no bairro de Barking, segundo aBBC,
foram postadas no YouTube por um cinegrafista amador e assistidas por centenas de
milhares de pessoas.
Mohd Asyraf Haziq, um estudante malaio de 20 anos, foi espancado na rua e teve a
mandíbula quebrada. Na sequência, outro grupo se aproxima do rapaz e rouba o que traz na
mochila.
mandíbula quebrada. Na sequência, outro grupo se aproxima do rapaz e rouba o que traz na
mochila.
Dzuhair Hanafiah, presidente do London UMNO Club (organização que presta socorro a
malaios residentes em Londres), afirmou que o primeiro grupo de jovens que o atacou Haziq
queria roubar sua bicicleta. O vídeo mostra que os outros rapazes se aproximam com a
aparente intenção de ajudar, auxiliam o estudante, ensanguentado, a se levantar e então
abrem sua mochila e roubam objetos de dentro. Após a ação, Haziq é deixado sozinho na rua.
Veja o vídeo abaixo.
malaios residentes em Londres), afirmou que o primeiro grupo de jovens que o atacou Haziq
queria roubar sua bicicleta. O vídeo mostra que os outros rapazes se aproximam com a
aparente intenção de ajudar, auxiliam o estudante, ensanguentado, a se levantar e então
abrem sua mochila e roubam objetos de dentro. Após a ação, Haziq é deixado sozinho na rua.
Veja o vídeo abaixo.
A internet está representando papel-chave na onda de violência dos últimos dias em
diferentes cidades do Reino Unido. Várias ações são organizadas através do Twitter e do
Facebook, redes sociais usadas também para a cobertura dos distúrbios.
diferentes cidades do Reino Unido. Várias ações são organizadas através do Twitter e do
Facebook, redes sociais usadas também para a cobertura dos distúrbios.
Uma pequena televisão local de Birmingham, a Sangat TV, transmitiu pela internet os
tumultos. O jornal The Guardian qualificou a própria cobertura como "jornalismo de
guerrilha", com repórteres fazendo vídeos em bairros onde nenhum outro jornalista tinha
chegado. As imagens foram distribuídas a grandes emissoras como a BBC, CNN e Sky News.
tumultos. O jornal The Guardian qualificou a própria cobertura como "jornalismo de
guerrilha", com repórteres fazendo vídeos em bairros onde nenhum outro jornalista tinha
chegado. As imagens foram distribuídas a grandes emissoras como a BBC, CNN e Sky News.
BBC